Coral Vivo realiza monitoramento da saúde dos recifes da costa brasileira


20/12/2021


O Coral Vivo realiza monitoramento ambiental em diversos pontos da costa brasileira. O objetivo é analisar as condições de saúde dos recifes de coral ao longo do tempo e o impacto que vêm sofrendo, sobretudo, devido a eventos de anomalia climática.
 
No sul da Bahia, a atividade tem por objetivo a manutenção de um banco com dados ambientais da Costa do Descobrimento. Desde janeiro de 2018, três recifes foram escolhidos para serem monitorados periodicamente: Recife do Araripe, no Parque Marinho Municipal de Coroa Alta, município de Santa Cruz Cabrália; os recifes do Parque Marinho do Recife de Fora, em Porto Seguro; e a Praia do Mucugê, em frente à Base de pesquisas do Coral Vivo, em Arraial D’Ajuda.
 
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Há quatro anos, a equipe do Coral Vivo realiza saídas de campo para coletar dados biológicos e físico-químicos da água (relacionados à temperatura, pH, luz, nutrientes, etc). Em cada um desses recifes existem três unidades amostrais – quadrados de 1,5m por 1,5m – visitadas a cada dois meses. Faz parte do monitoramento, também, a contagem de colônias de adultos por espécie, a contagem de recrutas (“filhotes” de corais) e estimativas visuais de branqueamento, cobertura e senso de peixes.
 
“O monitoramento é uma ferramenta extremamente importante, pois grande parte dos pesquisadores que visitam nossa Base, quando precisam montar um experimento, utilizam dados coletados por nós. São dados de mais de três anos que servem como referência para os mais diversos estudos e experimentos com espécies de corais brasileiros”, explica Carlos Henrique Lacerda, coordenador Regional de Pesquisas e Chefe da Base de Pesquisas do Projeto Coral Vivo.
 

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O monitoramento tem permitido, também, identificar alguns fenômenos, como a mortalidade dos corais, e oferecido informações para uma análise de longo prazo, possibilitando uma compreensão mais ampla dos processos que vêm ocorrendo nos ambientes coralíneos de nossa costa. “Infelizmente temos tido a perda de cobertura de diversas espécies em nossos recifes. E com os dados fornecidos para análise, hoje nossos pesquisadores são capazes de mostrar, dentre outras coisas, toda a cronologia do fenômeno de estresse térmico sofrido pelos recifes de coral no ano de 2019”, comenta Carlos Henrique.
 
Através de um novo Ponto Focal de atuação do Coral Vivo, o monitoramento também é realizado em Pernambuco, graças aos esforços do professor Ralf Cordeiro, coordenador das atividades do Projeto na região. A atividade teve início em 2019, proposta pelo coordenador de Pesquisas do Coral Vivo, Miguel Mies, com o objetivo de avaliar o branqueamento em múltiplos pontos da costa brasileira.
 
“Até então, nossos esforços foram focados no branqueamento, na avaliação da porcentagem de corbertura de corais afetados pelo branqueamento antes, durante e depois de eventos de anomalias térmicas”, explica Ralf. A partir de janeiro, com a instalação de data loggers, a equipe começará a avaliar os mesmos parâmetros observados pelos pesquisadores da Bahia, igualmente com maior periodicidade.
 
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Este trabalho vem sendo realizado em duas praias pernambucanas: Porto de Galinhas e Serrambi. Segundo Ralf, o forte evento de anomalia térmica ocorrido em 2019 causou imensa mortalidade de corais na região, apresentando dados muito tristes, como a perda de cerca de 70% de cobertura de Mileporas, 80% da espécie Mussismilia hispida e, aproximadamente, 50% a 60% de Mussismilia harttii.
 
Fotos: Arquivo Projeto Coral Vivo
 
Os dados do monitoramento realizado no sul da Bahia podem ser visualizados em uma plataforma disponível aqui no site do Coral Vivo. No vídeo abaixo, Carlos Henrique apresenta um tutorial para o uso da ferramento e mostra como a visualização artística em 3D aproxima do público tais dados científicos.
 

 
Os dados foram traduzidos por meio de visualização artística e interativa tridimensional. A ideia é facilitar para o público leigo o entendimento das variações das características físicas, químicas e biológicas desses frágeis e importantes ecossistemas. Trata-se de uma forma inovadora de divulgação científica. O projeto técnico e artístico é assinado pela professora Doris Kosminsky, do Departamento de Comunicação Visual da Escola de Belas Artes, e pelo professor Claudio Esperança, do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (COPPE), ambos da UFRJ. Eles contaram para o desenvolvimento das visualizações com os alunos de seus laboratórios.

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