Reconstrução socioeconômica e histórica do uso dos recifes em Pernambuco é tema de pesquisa do Coral Vivo


20/08/2021


Entre os dias 9 e 18 de agosto, foi realizada em Porto de Galinhas e adjacências a primeira etapa do levantamento socioeconômico e histórico da relação da comunidade local com os recifes, a fim de entender a origem dos impactos e usos dos ambientes coralíneos da região. Patrocinada pela Petrobras e liderada pelo professor de Biologia da UFRPE e coordenador do Ponto Focal Pernambuco do Coral Vivo, Ralf Cordeiro, e executada em parceria com o professor Omar Nicolau, a ação baseia-se na observação e nas entrevistas feitas com os agentes que se relacionam direta ou indiretamente com os recifes localizados em Ipojuca/PE.
 
O início do trabalho focou no levantamento dos principais atores sociais relacionados à atividade turística do ambiente marinho, como jangadeiros, bugueiros, ambulantes, barraqueiros, pescadores e operadores do mergulho. Foi observado que existe uma organização sólida, uma espécie de código de conduta entre esses agentes em prol do turismo, principal fonte de renda local. Há um diálogo constante entre os atores sociais e o poder público visando formalizar as regras já instituídas entre esses indivíduos para que o turismo e o cuidado com o meio ambiente possam coexistir com respeito mútuo: “A conservação dos corais e do ecossistema como um todo é uma preocupação latente entre essas pessoas que fazem do turismo sua fonte de renda. A saúde do local é primordial para eles, que estão sempre atentos em garantir um ambiente recifal saudável mesmo com grande número de visitantes”, afirma Omar Nicolau.
 
O objetivo do estudo proposto é gerar subsídios para embasar políticas públicas e tomadas de decisão em conservação na região. Os “produtos” do turismo local, como peixes, piscinas naturais, a contemplação do passeio de jangada, a praia e o lazer de beira-mar, são comercializados para contemplação do visitante. Apesar do vultoso fluxo de pessoas dispostas a “consumir” tudo isso, há um empenho em se garantir uma territorialidade específica para cada atividade econômica.
 
Além disso, segundo Fábio Negrão, coordenador-geral em exercício do Projeto Coral Vivo, o patrocínio da Petrobras tem permitido não apenas contribuir para a ciência e o conhecimento a respeito dos recifes de coral como investigar as relações socioeconômicas e os impactos que esse ecossistema tem em milhares de famílias em nossa costa. “Reconstituir a história e promover o resgate das raízes permite olhar para o futuro com firmeza e inovar sem que seja necessário abandonar a identidade e a riqueza dos conhecimentos tradicionais dessas comunidades”.
 
A segunda etapa da pesquisa, a se realizar entre outubro e novembro de 2021, vai complementar a primeira parte do trabalho, aprofundando as interações desses atores com o ambiente e entre si, evidenciando as relações de colaboração e conflito.
 
Foto: Fabrício Macedo
Redação Projeto Coral Vivo

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