O IX Workshop de Pesquisa da Rede de Pesquisas do Projeto Coral Vivo, realizado nos dias 7, 8 e 9 de dezembro, contou com apresentações de 33 pesquisadores de 12 diferentes instituições de pesquisa brasileiras. O evento foi transmitido ao vivo pelo canal do Youtube do Coral Vivo e debateu as recentes investigações e resultados obtidos pelo grupo nas diversas áreas relacionadas aos ambientes recifais.
O primeiro dia do encontro foi aberto ao público, e contou com a participação online de mais de 80 pessoas que tiveram a oportunidade de interagir com membros da rede de pesquisa do Projeto Coral Vivo, patrocinado pela Petrobras.
Temas como mapeamento biológico de ambientes recifais, manejo do lixo no mar e inovação tecnológica, diversidade críptica das ilhas costeiras de São Paulo, mudanças climáticas e impactos costeiros dos últimos 20 anos em Abrolhos, entre outros, foram abordados.
Durante o evento, o público participante conheceu as ações desenvolvidas pelo Coral Vivo em diferentes partes do Brasil. “Esse foi um ano de muitos experimentos. Entre eles, uma investigação, em parceria com a UFRN, sobre como as condições alimentares afetam o crescimento e a saúde dos corais, inclusive diante de situações de estresse térmico. Os dados ainda estão em análise, mas já é possível afirmar que a heterotrofia, ou seja, a predação e a aquisição de matéria orgânica dissolvida têm um papel fundamental no crescimento dos corais”, contou o coordenador da Rede de Pesquisas Coral Vivo, o professor Miguel Mies.
Mies lembrou ainda que no início de 2022, o Projeto Coral Vivo, patrocinado pela Petrobras, realizou uma série de experimentos no mesocosmo instalado na base em Arraial d’Ajuda (BA), para investigar os efeitos de diferentes concentrações de ferro em ambientes coralíneos. “Os primeiros resultados do estudo, desenvolvido em parceria com 8 universidades e institutos de pesquisa (UFRN, UFF, UFSC, USP, FURG, IFBA, UERJ, UCB), mostraram que o acúmulo de ferro nos tecidos dos organismos influencia na competição entre eles, nas maneiras pelas quais escolhem seus habitats e, também, no seu comportamento alimentar”, relatou.
Adalto Bianchini, líder do Grupo de Pesquisa do Coral Vivo, e mediador dos painéis, apresentou informações sobre a produção científica da Rede. “O Projeto Coral Vivo, nos seus 19 anos de existência, tem ampliado cada vez mais o escopo dos temas pesquisados e as parcerias para desenvolver as investigações. As linhas de pesquisa que desenvolvemos é extensa e diversa. A nossa rede, formada por 31 pesquisadores, produziu uma média de 7 artigos por ano, nos últimos 5 anos. Esse índice é um demonstrativo de que nossa produção além de, adequadamente focada nos ambientes coralíneos, é elevada e estável ao longo do tempo”, ressaltou.
A riqueza das descobertas realizadas na expedição científica ao Banco Royal Charlotte, uma área de 7000 km2, localizada 100 km ao norte dos Abrolhos, que ainda estão em análise, também esteve em pauta. “Podemos adiantar que encontramos recifes crescendo na borda de canais e que a diversidade encontrada nesses locais é pelo menos o dobro do que já se tinha conhecimento na região”, revelou Miguel Mies.
No encontro aberto, os participantes também puderam ter acesso a informações sobre o maior monitoramento de branqueamento (estresse causado nos corais a partir da elevação da temperatura da água do oceano) do mundo, abrangendo cerca de 2500 km, desde 2020. A iniciativa promovida pelo Coral Vivo, também observa a saúde dos ambientes coralíneos de modo geral, periodicamente.
De acordo com Mies, 2022 foi um ano de descobertas incríveis. “Em parceria com pesquisadores do Cebimar/USP, avaliamos a resiliência dos corais brasileiros, comparando diferentes espécies do nosso litoral entre si e com indivíduos que ocorrem em outros países. O material coletado ainda está em análise, assim como os referentes às investigações realizadas sobre a reprodução dos corais e aspectos fisiológicos dos ritmos circadianos dos corais brasileiros”, explicou.
Nos dias 8 e 9, o Workshop ficou restrito ao âmbito dos pesquisadores que compõem a Rede do Coral Vivo. O grupo se reuniu para definir os rumos das pesquisas, bem como discutir metodologias de investigação e novas parcerias em 2023.
Sobre o Coral Vivo
Patrocinado pela Petrobras desde 2006, por meio do Programa Petrobras Socioambiental, o Projeto Coral Vivo trabalha com pesquisa, educação, políticas públicas, comunicação e sensibilização para a conservação e a sustentabilidade socioambiental dos ambientes recifais e coralíneos do Brasil. Concebido no Museu Nacional/UFRJ, hoje é realizado por 13 universidades e institutos de pesquisa. Está vinculado ao Instituto Coral Vivo, que já foi coordenador executivo do Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Ambientes Coralíneos (PAN Corais), e segue apoiando a iniciativa.
Além disso, o Coral Vivo integra a Rede BIOMAR, junto com os projetos Albatroz, Baleia Jubarte, Golfinho Rotador e Meros do Brasil. Patrocinados pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental, eles atuam de forma complementar na conservação da biodiversidade marinha do Brasil. As ações do Projeto Coral Vivo são viabilizadas também pelo copatrocínio do Arraial d’Ajuda Eco Parque.
O Coral Vivo faz parte também da Rede de Conservação das Águas da Guanabara e Entorno (REDAGUA), que reúne, igualmente, projetos apoiados pela Petrobras. A rede tem como objetivo promover a conservação da biodiversidade, prestação de serviços ecossistêmicos, restauração ambiental, pesquisa, educação ambiental, inclusão social e comunicação na região da Baía de Guanabara e entorno, sendo constituída pelos Projetos Coral Vivo, Guapiaçu, Meros do Brasil e Uçá.